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domingo, 4 de dezembro de 2011

Cruel

Aquela lanchonete, do fim da rua. Tão perto e tão longe.
E tu decidiu que ia se encontrar lá.
Lá com outro alguém, que não eu, que tão distante.
E eu?
Onde eu estou?
-
E eu que só tinha um coração,
me sinto um tanto afundando na lama.
Agora ando pelas ruas esperando que alguém me encontre,
alguém que não é real, ou que não existe.
A culpa é sua.
-
Chora.
E todos seus suicídios, e todos os meus.
Eu vou tentar mais umas vez, vem comigo.
Olha só meu peito aberto, toda a vergonha escorrendo entre meus dentes.
-
As mãos em ti não são as minhas.
As minha mãos não são as minhas.
As suas mãos, cadê?
Cocaína.
E teu sorriso, aberto, maniaco.
E teu choro, sofrido, desesperado.
São 5 e meia da manhã.
-
E então eu morri na praia.
e você feliz na tua casa de campo,
com seus filhos puxando sua saia rodada.
Eu afogado.
Eu morto.
Podia ter sido diferente.

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