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segunda-feira, 31 de outubro de 2011

Aos meus Amores, Amantes, Amados, e afins.

Meus. MEUS.
Meus e de mais ninguém.
Por hoje e só.

Elementos.

Para as mechas de cabelo colorido, meu peito nu contra o teu. Sorriso que vacila, que cresce, que some. Tudo escuro, teu olhos na noite. E você não sente, não me sente, não se senta. Inquieto, e eu roendo os dedos, porque as unhas já se foram a tempo. Os cafés e a fumaça invisível na varanda. A pouca vodka com muito gelo, muito desdem com pouco caso. Cospe, bate, range os dentes lindamente tortos, e não chora. "Chorar?" Livros, dezenas deles, centenas juntando os meus com os teus. Teus dedos gelados sempre. Caneta, e papel, e tinta na pele, e pele na boca. O verde, das árvores, da camiseta, do lápis, do olhos, da casa. O rosa das bochechas e dos mamilos. A nossa flor mais bonita, cara desmaqueada na manhãzinha, ódio puro. Dentes, mordidas, garras, roxos, risadas bêbadas. A gente. A igreja queimando na mente. Aos triplos, aos quadrupolos. Tiros no escuros, brincadeiras infantis, roupa velha e vestido caro. Milhares de gostos de bocas diferentes, beijos gelados de sorvete de butiá, horas no deck olhando um céu azul que não existe mais. Os chicletes que não me deu, o guaraná. A praça, o retrato (que eu sei que usa com foto de outro alguém).

Água.

Aos presentes que nunca foram dados, os desenhos feito a mão, e as cartas. Fita do lado do cabelo da outra menina, e minhas calças rasgadas no joelho quando eu cai de bicicleta. Cheiro bom, perfume barato. Letra feia que tu não entende, aqueles textos meus que tu não entende mais diz amar, e os grandes demais que lê pela metade. O fim era pra ti. Perca de pontos e virgulas, perca de tempo. Tua língua dançando com a minha, as horas jogando. Teus braços, meus abraços. Fotos, espinhas, cabelos crescendo, A última música, o último filme, beijo e colo. Nariz escorrendo. Frio.

Fogo.

Colchão contigo, cantar baixinho, nariz com nariz. Dedos pela coluna, braços, suspiro no ouvido. Gemido. Arrepio. Ciúmes! Muito ciúmes. Todo o ciúme do mundo. Sinuca, sofá. Olhos revirando. Beijos na testa, nos braços, na boca. Lábios rosados. Andar de carro. Fugir de carro. Entrelaçar de dedos. Mentir. Sentar na escada. Morango. Ah, como tu é doce, delicada. Falta de dinheiro, calcinha vermelha. Blusa caída, vergonha. Pescoço e panturrilha. Mãos por todo o corpo. Fotos só as tuas. As palavras bonitas e complicadas sem sentido. Textos e indiretas. Estuda comigo?

Ar.

Internet, muito da internet. Redes sociais, entrevistas, fotos, gostos estranhos e iguais. Muita mentira, muita traição. De amor, de confiança... tipo diamante quebrado. Webcam, pimenta. Queria poder voltar pro teu colo e pros dias antigos. Cappuccino, sete de setembro. Shows desconhecidos, festas, danças promiscuas, dedos onde não deviam estar. Olhos fechados, pescoço posto pra trás e tua mão na minha cintura. Barba roçando no meu rosto e gosto de cigarro. Sedução. Maldita abóbora arrependida. Confiar. Não confiar. Fim de tarde, fim do amor. Por-do-sol.

Terra.

Cueca, eu de sutiã e sorriso idiota. Pizza, sorvete, tererê. Lagrimas, chorando cachoeiras, cortes no rosto, cicatriz, a falta que você me faz. Lábios mordidos, feridas abertas, peito dilacerado. Acidentes de percurso, acidente de carro. Três tchaus em uma noite só, beijos desapaixonados. Cortina florida, cozinha cheia de gente despedaçada. O simples fato de eu não saber quem sou, quem tu é, quem tu foi e quem tu vai ser. Todos vocês. Toda eu. E você me abandonou. Eu te odeio.



Você ainda lembram de todas as coisas que passamos? Eu lembro. A primeira frase, a última também. A do meio e a que saiu pela metade.

Provavelmente você nem pensa mais em mim. 

quarta-feira, 12 de outubro de 2011

Madness II

Passei tempos, dias, meses, pensando nesse momento. Ah, Carol... se você soubesse. Meus olhos ardem, eu estou cheio de você, cheio do seu cheiro, todo esse tempo, cheio de uma fúria infinita que desconto a cada chute. Porque diabos você teve que me deixar? Tem muita coisa que eu queria que você soubesse, mas acho que não tenho muito tempo.

Você grita demais, mas aqui ninguém vai te ouvir. Além de mim. Podia ter ouvido antes, todos os prós e contras da minha mente, mas escolho isso. Você morrer.

Acho que eu nem sei porque estou fazendo isso. Que horas são? Um dia se quer me amou, princesa?

Ando pra lá e pra cá, segurando os cabelos mais compridos que o normal, começando a fazer cachos. Olhando pra você, seus cabelos lisos e loiros, caídos no chão, perto da parede, banhados do teu sangue... é quase arte. Todas as lagrimas no meu rosto, são suas. E as suas, que nunca chorou por mim antes... maldita. Querendo fugir? Não dessa vez. Te pego pelos ombros, e te jogo pro lado. Cambaleante se vai de costas no chão. Te chuto, chuto, todo o sangue que sai ela tua boca, e cortes, a sua falta de respiração. Me é apavorante, mas gosto da sensação.

- Eu sempre...amei...você! - minha voz sai como um corvo, entre os dentes cerrados.

Teus olhos castanhos, teus lábios rosados com esse batom que eu nunca vi. E teu cabelo ta com um corte diferente do que eu me lembro. Eu preferia o outro. E pra que toda essa maquiagem? Tu é tão bonita... Desde da ultima vez, eu desejava acabar com você, porque você acabou comigo. Desde a ultima palavra, aquele ódio quando joguei o vaso de flor contra a parede. Furioso.

Vou até a mochila, aquela velha que usei na viagem para a Europa contigo, e tiro minha arma, tremendo. Minhas mãos estão suadas demais, odeio isso. Tem um buraco no meu peito, desde o dia que tu foi.

Você caída, sangrando, chorando, tudo arte minha. Nem parece um dia a guria que foi minha.

- Carol.

Meus olhos prestes a chorar. Dentes cerrados, engatilho a arma.

- Gi-Gil..

Aponto a arma pra tua cabeça, eu não posso suportar ouvir o que tem a dizer, a ouvir sua voz, sentir a tua dor que eu tô provocando. Engulo a seco.

Fecho os olhos com força, gatilho apertado.

Não tenho coragem de abri-los, então mais uma vez engatilho a arma, e apontando pra minha testa, aperto o gatilho pela última vez.

O dia ficou vermelho, que nem o tom da minha fúria.

Madness

Todas os gostos amargos do mundo, estão agora espalhados na minha boca. Principalmente esse gosto de enferrujado, quente na minha língua. Esse gosto de vermelho. Eu consigo ver todo esse ódio nos seus olhos, me olhando, pegando fogo, brasa quente. A cada chute que me da, o gosto fica mais intenso, e eu sinto minha visão ficando turva. Eu não queria perder a visão agora, ver teu rosto enfurecido, é quase arte.

Eu não consigo ouvir meus próprios gritos, apesar de saber que são altos. Altos demais, que nem você. Cospe em mim, e senta em cima de mim, me desferindo socos no rosto, me batendo contra o chão. É assim que é o amor, afinal? Porque você sempre me disse amar, mesmo que eu fosse embora você disse que me amaria.

Porque tu tá fazendo isso? Que horas são? Quem é você, meu príncipe?

Se afasta, com as mãos na cabeça, andando pra lá e pra cá. Me encolho contra a parede, tentando me levantar, num impulso animal, eu sinto tanta dor que não sinto nada. Ah, minha perna ta quebrada. Todas as lagrimas que jamais chorei por você estão no meu rosto, no teu rosto, no chão. Eu tô até próxima da porta, eu podia... não, você me viu. Droga, me pega pelos ombros e me joga pro outro lado, com as costas no chão. Chutes, chutes, sangue, falta de respiração, tudo turvo, entorpecer.

- Eu sempre...amei...você! - me fala em cada chute.

Isso não é normal. Ou será que é assim o amor, afinal? A loucura do amor? Talvez.

- Tu fica aí, que tu não vai sair daqui. Não viva.

Teus olhos azuis nem são mais azuis, teu cabelo tá bem diferente do que eu me lembro de antes. Fazia quanto tempo que eu não te via? Uns quatro, cinco meses? Mais ou menos? Não consigo ordenar meus pensamentos agora. Mas esse cabelo não era assim, nem tinha essa barba. Tu sabe que eu não gosto de barba. Será que ficou pensando em acabar comigo desde nossa ultima conversa, que quebrou aquele vaso velho no corredor da minha casa, saiu furioso... mais furioso que agora.

Agora mexendo nessa mochila, tremendo, babando, com os olhos arregalados... Nem parece o homem que um dia foi meu.

- Carol.

Foco meus olhos nele, olhos marejados, olhos totalmente vulneráveis. E depois, na arma. Reluzente, engatilhada.

- Gi-Gil..

Aponta na minha testa, faz uma careta de ódio, engole a seco, mostra os dentes, com toda a fúria amostra.

Aperta o gatilho, com os olhos fechados.

O dia ficou vermelho, que nem o gosto quente na minha boca.