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segunda-feira, 5 de setembro de 2011

Minha dor Gabriela.

Lembro da Gabriela, sentada contra o sol, com a cabeça encostada na parede, o cabelo caindo sobre o rosto, apenas com aquela regata desgastada cinza, e a alça do biquíni rosa destacando-se na pele branca. Lembro do cheiro do sal marinho, de mastigar a areia sem querer, e o chão da sala de madeira. A gente tinha preparado um chimarrão, mas Gabriela nem tava muito ai pra isso, ela gostava mesmo era ali do sol dourado do fim da tarde, se escorregando pela parede pra deitar no chão, meio torta, com os cabelos espalhados que pareciam fazer parte do assoalho antigo da casa quase vazia.

Eu só olhava, não podia fazer muito mais nada. Tomava um chimarrão, contava alguma coisa sobre a noite assada e Gabriela só fazia sorrir, e abrir os olhos um pouco, depois tornar a fechar. Olhos tão mais cansados que os meus. Olhos mel. E aqueles cílios. Convido Gabriela pra qualquer coisa, mas ela diz que quer ficar deitada mais um pouco no sol, não quer ir no parque, não quer sair pra beber, não quer ir pra casa.

- Eu gosto do teu chão. - Ela me ri uma risada quase sarcástica, sedutora, coisa que ela fazia sempre.
- Eu gosto de você.

O silencio. Seriedade no rosto de Gabriela por segundos que pareceram décadas pra mim, e depois um sorrisinho, e sol atrás de um nuvem. Gabriela se arrasta no chão até meu colo, e escala meu corpo, poem seus braços a redor do meu pescoço e gentilmente beija minha testa, meus olhos, meu nariz, bochechas, maxilar, minha alma. Gabriela é daquelas que faz sem ter motivo, não é de proposito, ela só faz porque sente.

Se deita de novo. Já é seis e meia passada.

Conversamos pouco, rimos muito, até que aquela voz, chama Gabriela por detrás do muro de minha casa. Gabriela levanta, passa a mão nos meu cabelos, bagunçando-os e nem se despede.

E lá se vai minha Gabriela, de mãos dadas com outro homem. Beijando uma boca que não é minha. Gabriela se vai, mas eu sei que amanhã, ou depois, minha Gabriela vai voltar. E quando voltar, vai ser minha.

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