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sexta-feira, 30 de setembro de 2011

The Doors

Eu não gosto quando as coisas ficam nubladas na minha cabeça. Geralmente eu consigo lembrar de todos os fatos com clareza, todos os detalhes frescos. É fácil, quase um vício. Ter uma boa memória sempre me ajudou a escrever.

Não é o caso.

Tinha um porta, eu de um lado, você do outro. Eu sei que porta é essa, mas no momento, nas minhas lembranças era como e fosse uma porta prendida ao tempo e ao espaço, uma porta ou um portal. Você carregava em seus ombros algo realmente pesado. Uma caixa? Um amplificador? Todos as tuas dores e seus pecados? Não sei. Ridiculamente, mas minhas mãos papéis leves, que nem minha alma naquela época. Um contraste estranho.

Quando eu dava um passo a frente, você fazia o mesmo. Quando eu abria espaço pra trás, você fazia o mesmo. Uma sincronia idiota que durou menos de dez segundos, mas que foi suficiente pra arrancar esse teu sorriso no meu, minha timidez na tua.

"Oi."

"Oi."

Daí você passou, e eu também, e a mágica se desfez e tudo agora é tão nítido que não me tem mais graça.

A segunda porta que eu te vi, foi na minha, acompanhado de gente que eu conhecia tão pouco mas fiz questão de comentar algo estupido, pra que tu notasse minha presença. Não precisava disso, vi teus olhos em mim, assim como os meus em ti. Disfarçando, lentamente, encostado na parede com seus fones de ouvido branco, fazendo um solo de bateria invisível, vestindo seus all star azul e sua flanela vermelha.

Te vi através de uma porta de vidro, outro dia, também. Sentado no banco, com um livro no colo. Bem concentrado, sentado totalmente largado bem do jeito que eu faço.

Na porta de elevador, me sorrindo e me dando bom dia, perguntando o meu nome, ou acenando pra mim da porta do prédio.

Muitas portas. Muito eu e você.

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