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domingo, 18 de setembro de 2011

Limbo me é.

Eu já nem existo.

Agora, tudo o que eu fiz na minha vida, todas as minha ações, movimentos, conquistar, sorrisos, tristezas, são nulas. Todos os passos que eu dei na minha vida, não fazem mais sentido. Respirar não é necessário, apesar de eu tentar fazê-lo aqui no limbo, por puro instinto. Aqui não existe ar, e a única coisa que eu sinto é uma queda infinita. Não tenho roupas no corpo, nem pelos no corpo, é como ser um bebê novamente. Nenhum som é emitido aqui e estou completamente sozinha. Diferente de quando em vida, agora eu até aprecio a solidão. Me deixo cair de todas as maneiras. Mas eu gosto de esticar as pernas e os braços pro céu (não é bem o céu, você entende, pra cima) e cai em gravidade zero com as costas para baixo. Eu não enxergo nada, não sinto nenhum cheiro, mas ironicamente sinto um gosto familiar na boca: picolé de uva. Aquele picolé de uva feito em casa pela minha vó, no sitio que a muito tempo eu não tinha uma lembrança se quer.

Agora me lembro das coisas mais absurdas, que antes pareciam tão insignificantes e esquecidas no fundo da minha mente. Como aquele cavalo marinho rosa de pelúcia que eu andava para cima e para baixo, quando criança. O meu primeiro beijo com um idiota qualquer, quando eu caí perto do garoto que eu gostava, quando eu estava deita na na grama, olhando as nuvens da noite se moverem lentamente tapando e destapando as estrelas que piscavam monotonamente. Eu queri sorrir lembrando dessas memórias, mas eu não comando mais no meu corpo. Eu só sou alma.

Lembro agora de cair no lago. De não saber nadar. De não ter ninguém por perto, me afogar, e morrer. Simples assim, morrer.

Morrer não é tão dolorido quando eu pensava, mas também não tão tranquilo quanto diziam. Mas como eles podiam dizer, se estavam todos vivos? Tão idiota pensar nisso agora. Afinal, será que isso ainda ode ser considerado pensar? Agora fico aqui considerando que todas as coisas no mundo não existem, e era tudo um sonho. E eu acabei de despertar. Agora ficarei assim pra sempre, até dormir de novo e acordar em uma nova vida. Talvez seja isso a vida e a morte. Talvez eu esteja sonhando nesse exato momento. Tantos talvez.... e eu que achei que teria todas as certezas, todas as respostas quando morresse. Idiota, eu.

E agora as outras pessoas que estão vivas e eu não (ou no meu sonho que acordei). Minha mãe, pai, amigos, namorado... Antes eu era Aline, agora eu sou o Limbo, e o Limbo me é. Vou esperar. Tenho muito o que pensar, muito o que desvendar dentro da minha própria mente, coisa que nunca fiz em vida. Nunca parei.

Boa noite.

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