Por favor, se você quiser compartilhar alguma coisa daqui, copiar, colar, utilizar em algum bem que for seu, contate-me em: divinalush@gmail.com

Obrigada.


quinta-feira, 15 de março de 2012

O começo do fim

De longe, eu vi o mundo inteiro cair aos pedaços. Eu vi toda a humanidade que ainda existia se deteriorar, aos poucos. Na verdade, aos muitos. A população tinha diminuído a poucos milhares, e da minha janela, do oitavo andar, eu observa os prédios caídos, as almas rastejando pelas estradas.

Eu não sabia que era tão difícil se sentir impotente de fazer algo pelos outros, afinal de contas. Olhar e observar o mundo acabar, era tudo que estava ao meu alcance.

Há ainda algumas estruturas de pé por perto,e há alguém no topo de um desses prédios, que agora eram apenas como esqueletos tentando se manter de pé. Na ponta do terraço, de pé, olhando pra baixo. Eu conseguia sentir como era difícil a ideia de terminar logo com aquilo, pois eu mesmo já tinha pensado em morrer varias vezes. A luz do sol é forte demais que quase cega, o calor é insuportável, a comida acabando, água... dizem que água não tem gosto, mas é um sabor que eu sinto falta.

Mas o pior de tudo é se manter sozinho, porque querendo ou não, depois de um tempo, se você não morre primeiro, você acaba sozinho. Feito eu, e feito o ser humano suicida do terraço.

Eu poderia, talvez acenar e dar sinal avisando que eu estava ali, e que ele ou ela poderia contar comigo. Que talvez fosse nosso destino ficar juntos, conviver e aprender a amar de novo. Mas eu realmente não posso. Minha comida é pouca, e eu morreria mais cedo se "sustentasse" mais alguém. Então eu tenho que ficar quieto, e sozinho, porque é o melhor pra mim.

Provavelmente para ele também.

Então ele pula, e aqueles poucos segundos parecem milênios, séculos. Provavelmente essa desordem de tempo na minha cabeça é pelo sono e exaustão. Mas eu consigo sentir toda agonia, e por fim alivio daquele ser magro esmagado no concreto frio da rua. Porque a gente sente a mesma coisa, no fim do mundo. Todo mundo, o pouco do mundo, é igual. 

Desumano; desnutrido; desalmado.

Talvez eu devesse me matar também. Mas seria desperdício as 3 garrafas d'água que ainda me restam e as poucas latas de feijão que eu consegui. Então eu sigo olhando pela janela, tentando me aliviar na dor dos outros.

3 comentários:

  1. Cara, eu adorei o seu blog *-----*
    Suas postagens são extremamente fodas...

    ResponderExcluir
  2. Me encontrei na sua postagem muito demais.

    ResponderExcluir
  3. Isso é um tapa na cara de quem anda por aí dizendo que não espera chegar o Apocalipse Zumbi HAHAHA

    ResponderExcluir