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segunda-feira, 28 de junho de 2010

Tá?


Era cedo da tarde, não passava das três da tarde. Ela chegou devagar, carregava com si apenas uma mochila e um sorriso leve no rosto. Ele sorria muito mais, e a abraçava muito forte. Ela reclamava baixinho, e sussurrava “ais” e ele afrouxava o abraço, mas por obrigação. Não queria soltá-la nunca. Conversaram na varanda da casa com os pais dele, nada muito sério. Ela contou sobre a viagem e sobre a vida, a esperança ela deixou apenas pra si. Ele fumou um ou dois cigarros quando os pais entraram pra casa, mentira semana passada, quando completara 19 anos , que tinha parado de fumar. Ela gostava do cheiro do cigarro que ficava entre os dedos dele, era muito familiar pra ela. Até deu umas três tragadas, mas deixou que ele terminasse.
                O sol já ia baixando e entraram para o quarto dele. Ficaram deitados na cama, apenas se olhando, trocando toques e sorrisos, com os últimos raios de sol da tarde tocando e fazendo cosquinhas no rosto e pescoço dela, onde ele tocava e beijava e lambia e era feliz. Ela era feliz. Ela queria ser feliz. Estava sendo feliz, ali. Mais um pouco de tempo, e batidas de leve na porta. Um ranger, e olhos infantis  espiando pela fresta, depois os passinhos curtos e o sorriso em três rostos. A pequena  abraçava ela, e depois ele, e depois os dois e ria, e eles riam, e a felicidade explodia mais um pouco em cada coração ali presente. “Sei contar até cem, sabia?” A voz infantil espalhada por todo o canto do quarto, e mais risos. Contou, em voz alta, pausadamente, errando e pedindo ajuda. A guria queria amarrar aquela felicidade no peito e não precisar nunca mais soltar. Ela tinha aprendido a não ser feliz, mas aos poucos, talvez, naquele lugar ela aprenderia pouco a pouco.
                Deitados ali, ela contou pequenas histórias para a pequena, aquelas mesmo que ela tinha inventado e escrito em cadernos velhos em tempos distantes, quando ela ainda tinha motivos pra sonhar. A cada história curta, a menina pedia mais uma , mais uma, até cair no sono, pelo cansaço da escolinha, pelo cansaço da felicidade. Depois de um tempo da menina dormindo, ela se mudou de lugar para o lado dele, novamente, e se encolheu, deitando no peito dele. “Eu serei uma boa mãe?” Ela perguntou. Mas o que ela queria dizer era  “Um dia vou ser feliz? Nós vamos ser felizes?” . Ele sabia exatamente o que ela queria dizer, ele lia no ar, lia no cheiro e na voz. “ Claro que sim. Claro que sim.”.  “Eu te amo” ela sibilou, quando já estava escuro, e não conseguia ver mais o rosto dele “fica comigo pra sempre, tá?”. “Tá”. 

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