Eu me lembro daquela casa perfeitamente. Eu devia ter oito anos, e Pedro Henrique uns dez. Era o melhor amigo de meu irmão, e eu estava perdidamente apaixonada por ele. Era uma menina tola. Daquela idade, e parecia já morrer por ele. Agora quando eu olho pra trás, eu devia até rir, mas eu não consigo. O riso fica todo preso na garganta quando eu me lembro daquela tarde de Novembro.
Chovendo, nós três, eu, Pedro, e meu irmão Diogo, da mesma idade de Pedro, tivemos a idéia de ir naquela casa que todo mundo tinha medo. Coisa de criança, casa velha mal cuidada. Eu morria de medo, só de pensar naquele lugar. Estremecia. Tinha lendas percorrendo a cidade sobre fantasmas, monstros e demônios invisíveis (e às vezes visíveis pra certas pessoas) na casa.
Eu nunca tinha passado da esquina daquela rua, que eu nem lembro o nome. Mas eu consigo visualizar na mente o numero da casa, perfeitamente, como se eu estivesse lá, agora, olhando aqueles números que devia ser do tamanho da minha pequena mão infantil, reluzindo em prata "1363". As crianças mais velhas chamavam a casa de "treze seis três vezes", não "Mil trezentos e sessenta e três” Acho que era pra dar mais medo: 13, o numero do azar, e três vezes o numero seis, coisa idiota, numero do demônio.
Mas não era difícil ver meninas de treze ou quatorze anos traumatizadas pelas ruas porque seus namoradinhos tinham levado-as lá. Os pais riam, porque já tinham sido aquelas crianças. A casa estava lá a mais de cinqüenta anos, parada, sem ser derrubada, maltratada, suja, com cheiro ruim.
A história que mais circulava de ouvido a ouvido nas noites em que as crianças se reuniam nas ruas pra contar histórias de terror era da menina. Sim, ela era chamada de "A menina" porque ninguém sabe ao certo o nome dela. Uns chamavam de Rita, outros de Mariana. Eu preferia o termo “menina” mesmo, me fazia ter menos medo. Por um nome Na Menina fazia ela se tornar mais real.
A história era a seguinte: A mais de 20 anos, uma menina nova havia chegado ao bairro. Era A Menina. Todos sabem como crianças são cruéis, então quando ela perguntou se podia brincar com os garotos e garotas da rua, o mais velho, que não devia passar de um pirralho de 12 anos, disse que a ela tinha que passar pela iniciação. Deveria passar uma hora na seis três vezes. Ela topou, por não saber do que se tratava a maldita casa. Poucos minutos antes das 18 horas, o horário combinado pra ela adentrar os portões de ferro da casa, algumas meninas começaram a lhe contar todas as histórias. Então o pavor rondou seu corpo e ela queria logo desistir. O garoto disse que se ela desistisse, jamais teria um amigo se quer ali. Porque todos passaram por aquilo (o que era mentira, óbvio.). Respirou fundo. Quando às 18 horas chegou, todos começaram gritar pra ela entrar logo, que ela não podia adiar e que mais tarde ou mais cedo ela teria que fazer aquilo. Menina, apavorada, cruzou os portões.
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Posso estar narrando isso com muita emoção, eu sei. É que eu tenho mania de botar um pouco de emoção nas lendas que conheço, elas ficam mais divertidas assim, não acham? Pois bem... deixe-me continuar....
Continuar uma outra hora. :)
Noossa parabens , adorei esse post
ResponderExcluirachei com muita emoção e adoro essas lendas
estou esperando anciosa pra o final deste conto cheio de mistério
adorei
beijos :D
Porra Fran!
ResponderExcluirte odeio!!!
conta o restooo
Termina issaê D:
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